понеделник, 7 ноември 2016 г.

Um homem da Renascença

Anselmo Vasconcellos é ator brasileiro, professor e escritor que há 11 anos organiza Oficina Libre na Escola Martins Pena – a escola de drama mais antiga na América do Sul, no Rio de Janeiro.

Foto por Kenzel Kache Verboge 
Anselmo nega o que chamamos ‘crítica construtiva’ e prefere a aprovação. Ele observa, ouve e percebe o outro como um milagre que se revela e cresce diante de seus olhos.
Na Escola Martins Pena – a escola de drama mais antiga na América Latina, no Rio de Janeiro, no momento, parece que não há vida. Desde abril, os professores e funcionários entraram em greve. O edifício foi ocupado pelos alunos por dois meses - até meados de julho.  Os alunos apoiaram professores e funcionários em suas demandas por melhores condições de trabalho e qualidade de ensino. Durante vários meses, funcionários recebiam salários parcelados e com muito atraso. E os estudantes organizaram performances em que o ingresso – um quilo de alimentos não-perecíveis – fosse destinado àqueles que estão ainda esperando o pagamento por seu trabalho.

Assim, a tradicional oficina de teatro, Oficina Libre, aconteceu nessas condições.

Anselmo Vasconcellos é ator de mais de 50 longas-metragens –  "Se segura, malandro!" e "Bar Esperança", de Hugo Carvalho, "A República dos Assassinos", de Miguel Faria Jr ., "Brasília 18%", de Nelson Pereira dos Santos, e, seguramente, com o mesmo número de telenovelas na Globo, professor e escritor, que, durante 11 anos, ministrou, quatro vezes por ano, a oficina – que tem duração de dois meses – em uma das salas da escola. O curso é financiado pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro. Em sua última turma, Anselmo trabalhou sem receber, para expressar solidariedade com a ocupação.

Eu entrei na Oficina Libre depois de ver um anúncio para "curso livre de teatro". A audição durou cinco minutos. E nesse tempo tive a oportunidade de recitar o meu desejo em conhecer o teatro por dentro, porque amo o teatro e escrevi sobre isso na Bulgária. Anselmo me disse que ensinava muito pouco o teatro clássico. Disse ainda que seria muito importante aproximar-me da cultura do Brasil. Anselmo explicou que os temas, os métodos e as práticas que ele ensina ainda não são tão populares no Brasil. Ensina “o que não aprendeu ainda e aprende junto com os participantes da oficina". Depois de um aperto de mão, ele me permitiu ser uma ouvinte no curso. Mais tarde, todos os selecionados entenderam que o aperto de mão era a chave para ele decidir quem seria admitido no curso.

Anselmo foi diretor da escola "Martins Pena" entre 1988 a 1990. Quando foi convidado, embora não tivesse nem a formação, nem a experiência, dormiu na escola por uma noite e, na manhã seguinte chegou à liderança por intuição. Pelo o curto tempo em que estava na escola, aboliu o vestibular. E decidiu que quem tivesse interesse em participar do grupo, primeiramente deveria, durante uma semana, assistir às aulas e nesse mesmo tempo os professores fariam uma avaliação do candidato. Como o próprio Anselmo não tinha formação em escola de teatro, assistiu a várias aulas regulares para assimilar novos conhecimentos, causando estranhesa nos outros professores por ter uma posição de direção e participar com os alunos das palestras.

Em 44 anos de carreira, a partir de sua experiência no Living Theater nos anos 70, que causou um impacto profundo nele, Anselmo Vasconcellos está mais interessado no compartilhamento de ideias e conhecimentos, no estudo aprofundado de certos temas e experiências. A performance é para ele instrumento de improvisação em que o ator encontra novas formas e expressões físicas. 

Enquanto impôs uma disciplina rígida sobre si para sobreviver durante 44 anos de carreira, a única palavra não associada com Anselmo é “controle”. Atrevo-me a chamá-lo de modo familiar, porque a cultura do Rio requer imediatismo na relação, que é reforçada pela atitude amigável do próprio Anselmo. A oficina acontece duas vezes por semana, no período de quatro horas, e Anselmo está sempre presente e pontual. Saindo às 4h30 da madrugada para escapar do tráfego e desfrutar do nascer do sol. A única coisa que ele exige na oficina é a presença de todos. Quando tem gravação na  televisão, Anselmo normalmente é capaz de assegurar sua presença nos dias que tem oficina. Isso reforça a atitude com os compromissos que assume.

Seu maior desejo é que os participantes mudem suas vidas de uma forma criativa após participarem da oficina, porém, confirma que infelizmente só alguns deles, como alunos regulares, voltam para a escola. 


O nome Oficina Libre foi escolhido em associação ao coquetel Cuba Libre. Crescendo em uma família em que o pai tinha crenças comunistas, fez o próprio Anselmo odiar o capitalismo e seu desenvolvimento moderno degenerado – que aprisiona os seres humanos dos mecanismos da sociedade de consumo e define sua existência com a ditadura do capital. Em um país de contrastes brutais em termos sociais como o Brasil, esse tipo de pensamento não é como sons surrados de um livro de agitador da antiga União Soviética. Como Karl Marx já disse, “seu ser social é que determina sua consciência” – aqui o fosso entre os muitos desfavorecidos e poucos privilegiados, entre os quais ainda não existe uma grande e estável classe média para equilibrar, é imenso. Cuba Libre misturando num jeito atrevido rum cubano com um símbolo do capitalismo "Coca Cola", é a ideia de interpretação livre da divisão do mundo que fascina Anselmo, escolhendo a palavra espanhola, como nome de seu curso.

Em uma peça, telenovela ou filme, o ator deve melhorar a sua capacidade de trabalhar com o invisível, aquilo que não é planejado ou ensaiado. Anselmo acredita que espontaneidade e intuição criam um novo equilíbrio no espaço causado pelo caráter, texto, performance, esboço, palco. E concorda com o Harold Gaskin –  o ator deve parar de atuar para se tornar a verdade sobre seu caráter.

Cada segunda-feira o curso começa exatamente às 8h30 com o cheiro de Palo Santo, um gole de água e batendo palmas em uníssono. Antes disso, Anselmo já tinha deixado que os ensinamentos se dispersassem da cabeça e fica ‘despreparado’, como gosta de dizer, para sentir o que este momento vai trazer. A palestra começa com uma ideia que flui sem problemas em outra; ele fala sobre os hábitos alimentares do homem moderno, depois surpreendentemente mergulha de volta no tempo para a história da antiga tragédia grega, nos deixa animados com detalhes desconhecidos da vida de uma cultura pouco conhecida em todo o mundo, toca em temas sensíveis da realidade brasileira, compartilha memórias pessoais e momentos de trabalho com outros atores locais, e verifica se os participantes da oficina não dormem com perguntas inesperadas. 

sensação é que tenho testemunhado um showman mais genuíno, um homem encantador que atua diante de nossos olhos, porque deixa a intuição e lógica natural de seu discurso levá-lo para a frente. Mas ele é um ator habilidoso sua voz baixa atrai tudo, tanto quanto possível mais perto de si, veludo toque acaricia os sentidos, seus escuros olhos brilhantes, faíscas de luz naqueles que se encontram e alimentam a sua energia. O sotaque típico carioca, abundando de ‘sh’, acrescenta a suavidade na voz dele.

Na segunda-feira, Anselmo apresenta ideias diferentes, que juntos as exploramos, discutimos várias técnicas sobre as quais ele fala e desenvolvermos novas idéias para o teatro. Há muito tempo ele queria integrar a Oficina com os outros cursos na escola Martins Pena, porque não é um defensor da separação entre grupos de estudantes. Se eles podem circular livremente entre as especialidades, vão ganhar mais e variado conhecimento. Provavelmente por isso que o curso tem poucos alunos de "Martins Pena." Para Anselmo não há ‘caminho correto’ que temos que seguir – o nosso caminho correto é uma função de todos nós juntos. E enquanto estamos explorando a realidade de que o teatro cria na sua interação com a gente, tentamos chegar mais perto do processo criativo, não do resultado dele.

Anselmo acredita na teoria do Yoshi Oyda sobre o ator invisível, que o japonês desenvolveu em seu livro de mesmo nome. Segundo Oyda, quando o espectador percebe o método de atuação do ator e é tão próximo quanto possível a ele, passa a ser subserviente à magia do desempenho. O espectador nunca deve ver o ator, mas seu desempenho, sua personagem. Anselmo não acredita naqueles colegas que dizem que podem apresentar qualquer tipo de personagem no palco, mas nunca podem ser diferentes na vida fora do palco. O ator deve sentir e não atuar em seu personagem. A menos que ele atue, entre na história, vive dentro da história e, portanto, ajude os espectadores a viver nela também.

Foto por Anselmo Vasconcellos
Será que a peça tem que seguir sempre a rota tradicional – início, desenvolvimento da ação e desfecho? O jovem dramaturgo Danilo Reyes, que se formou na "Martins Pena", oferece – aos participantes da Oficina Libre a existência de uma hipotética ação antes do desfecho ou em vez de desfecho como uma liberdade para que o ator possa trazer, em sua interpretação, toque pessoal inesperado. Não é apenas improvisação, mas contribuição criativa do próprio ator.

Nesse sentido, cada participante da Oficina Libre pode determinar quando vê Anselmo – o homem e o ator. Ele sempre mostra interesse e empatia no outro, pronto para partilhar os seus pensamentos, mas, ao mesmo tempo, consegue manter uma distância quase imperceptível. Enquanto assisti a pitoresca reinvenção de algumas de suas memórias e, em seguida, a explicação que muitas foram reforçadas ou inventadas, eu pensei sobre os limites elásticos e quebradiços entre o desempenho do ator, a personalidade autêntica por trás dele e vontade de contar uma história verdadeira inventando partes dela.
Segunda-feira é hora de exercícios de concentração, comunicação, parceria com outros, atenção ao que está acontecendo ao nosso redor "no palco" e improvisação, esboços para criar imagem e ação de várias pessoas, com base em um gesto comum, estudo de reação individual contra circunstâncias, exercícios de ritmo, voz, comunicação com empatia e muitos, muitos, muitos abraços longos que causam a produção de ocitocina e, assim, relaxar, sentir mais seguro e diminuir nossos medos e preocupações.

Na segunda-feira discutíamos o tema do nosso encontro na terça-feira, quando é a performance. Durante a primeira Oficina, da qual participei como ouvinte, selecionávamos várias provocações como ponto de partida: dança Butoh ou o que significa intimidade (todos nós escrevemos um texto explicando nossos pensamentos no assunto e compartilhamos com os outros). Durante a segunda Oficina, em que ganhei o direito de ser uma participante regular, escolhemos apenas uma cor comum de roupa, ao invés de um tema. Não tem plano definido de conduta a ser repetido em cada curso na Oficina Libre. Nesse estava convencida de dois cursos.

Para Anselmo, é muito importante libertar o ator da tensão do pensamento "quando e como ele será apresentado ao público" e, portanto, lhe deu essa chance na primeira semana. Além disso, o participante é completamente livre dentro da preformance, cujo único elemento especificado é o começo, e saber o que é o sinal de que vai colocar no fim.

Antes de cada apresentação, que dura em média 20 minutos, deve ser feito cartografia do show. É formada com palavras que carregam um significado e sugestão especial para aqueles que as oferecem. Muitas vezes inspirados por temas discutidos na segunda-feira ou algo em que um dos participantes está especulando neste momento e gostaria de explorar. Todos juntos decidimos qual será a iluminação e se haverá música. Na primeira Oficina Libre, um participante apresentou uma "trilha sonora", com músicas aleatórias. Surpreendentemente, a maioria deles ilustrava palavras de cartografia. Na segunda, raramente havia música e as participantes falavam muito mais.

Cartografia da performance é formada com palavras que têm uma certa sugestão àqueles que as oferecem. Elas são escritas a giz no chão, com uma explicação aos outros e, antes do início da performance, são apagadas. É curioso como, muitas vezes após o final, os espectadores comentam que sentiram a mensagem dessas palavras como se fossem escritas em frente aos olhos deles.

A principal tarefa de todo o curso, especialmente durante a performance, é como se conectar com os outros, como se engajar em algo que não sabemos o que é, mas temos que construí-lo todos juntos. Anselmo nos impele sempre a olhar para os outros, para não "brincar" muito tempo sozinho ou em pares. E, ao invés de competir, ajudar os outros a crescer. Ao mesmo tempo convidar o espectador a participar da performance de forma conveniente, para ajudá-lo a se tornar uma testemunha do que está acontecendo.

Anselmo acreditava que o teatro deve ser político. Estimulando os espectadores a uma posição ativa, estimulando o ator a envolver o espectador que já foi preparado por anotação, o que pode esperar da peça e que não tem o direito de se mover ou comentar, mas, apenas passivamente, observar num teatro clássico, em um espetáculo de provocações físicas que Anselmo incentiva. Imperceptivelmente ele ajuda os indivíduos a participar ativamente na sociedade.

Será que a pessoa opta por reproduzir o que já foi produzido ou para educar e desenvolver-se como uma pessoa original? Se opta por se tornar uma cópia ou seguir um caminho original? São questões importantes com as quais Anselmo provoca os jovens e não tão jovens almas que participam da Oficina. Hoje, a cultura popular promove a hegemonia da personalidade única, original, mas Anselmo acredita que quanto mais somos obrigados pela personalidade, menos elásticos e mais fechados somos. Ele incentiva todos a não levar a performance muito a sério, porque de um erro inesperdao pode nascer algo genuíno e belo.

Anselmo quer sair do textocentrismo no teatro, para limpá-lo de tudo que é desnecessário, como cenários, figurinos e músicas. Quer colocar, no centro, o ator e o corpo dele, junto com o espectador, que é igual como o autor do espetáculo. Portanto, a Oficina busca jovens atores ou simplesmente seduzidos pelo teatro, pessoas com diferentes profissões, dançarinos, músicos, poetas. Para ele, melhor ator torna-se adulto índigo - alguém que desenvolve uma inadaptação forte às condições sociais e da sociedade e torna-se severamente crítico da realidade.

Foto por Anselmo Vasconcellos
Performances são projetadas para liberar não só o ator, mas, também, o espectador. Nelas, o ator cria o espetáculo, transformando seus impulsos em ação. Após a performance, o espectador compartilha pensamentos e sentimentos com o que viu. Enquanto o teatro clássico trabalha com o significado, a performance é o significante. Somente quando o espectador não tem nada mais a acrescentar sobre a sua experiência na performance, os participantes podem falar o que sentiram e viveram. 

A segunda Oficina é realizada com um novo módulo na segunda-feira Anselmo pede para escolher três textos "As bacantes", de Eurípides, "Rei Lear", de Shakespeare e "A dama da lotação", do dramaturgo brasileiro Nelson Rodrigues. Nós nos dividimos em três grupos para discutir como apresentar no palco o essencial do texto. De acordo com Anselmo, assim vamos praticar o comunismo em sua forma mais pura. A palavra não deve prender a respiração na sociedade brasileira em desenvolvimento em que a divisão de classes ainda é clara e categórica, ideais de fraternidade, igualdade e uma troca que não está sujeita necessariamente ao princípio de mercado, existem fora da falha da ideologia comunista na nossa parte oriental do mundo. Ao trabalhar com textos, todos têm direito de serem diretores e atores principais com os outros.

Não sei por que escolhi "As bacantes" talvez porque minhas memórias na adolescência, da antiga tragédia grega, pesem o sentimento que tentei abordar algo quando não estive pronta para isso. Nem pensei que a tradução, para o português, dificilmente faria o texto de Eurípides mais simples para que entender. Projeções políticas e sociais das "Bacantes" ficaram um pouco longe de mim, mas aceitei com braços abertos a intoxicação do vinho e do calor dos corpos dos meus colegas e embarcamos em várias segundas-feiras com um pouco de timidez especialmente tendo em mente a cultura carnavalesca dos cariocas interpretações de bacanais. Porque não sou Anselmo, eu me permito dizer que acho que o nosso grupo nunca foi capaz de sair além das bacanais e mostrar momento político da peça. Para mim, as outras duas interpretações - "Rei Lear" e "Dama da lotação", desenvolveram pequenas essências bem sucedidas de ideias básicas das peças.

Foto por Maria Arêas
A oficineira Samanta Sironi em solo.

Outro desafio, sugerido por Anselmo, foi fazer um solo de não mais que 10 minutos em que deveríamos exercer a nossa aprendizagem de texto que escolhemos. Um desafio duplo, porque, além disso, tivemos que ensaiar sozinhos. O ensaio é repressão da expressão livre e espontânea, diz Anselmo. No ensaio o ator tem que encontrar o momento perfeito na sua apresentação e fixar, armazenar e, em seguida, reproduzi-lo. Mesmo tentando fazê-lo organicamente, pois corre o risco de mecanização.

A maioria dos participantes mostrou coragem para enfrentar o público e suas próprias ambições e medos. Estávamos todos genuínos, alguns mais talentosos e bem sucedidos, outros – nem tanto, mas como um deles disse: "Todo mundo quer ser Meryl Streep, mas é claro que nem todo mundo pode." Eu, pessoalmente, esqueci o meu monólogo e fiz só a segunda parte do solo que era uma improvisação minha no texto do monólogo. Eu não tenho ideia do porquê, apesar disso, finalmente, me senti eufórica e feliz, apesar do fracasso no estrito senso de missão e desempenho. Inspirados e felizes dizíam como se sentiam os outros "solistas".

Nossa última apresentação antes do final esperado da oficina foi extremamente emocionante. Das quase 40 pessoas que começaram, poucas se recusaram no caminho ​​e, de acordo com Anselmo, desta vez o grupo foi extremamente forte, motivado e respondendo surpreendentemente bem. Havia muitos abraços, beijos, partilha pessoal, uma sensação de proximidade com os outros durante os dois meses da Oficina - tudo isso simplesmente explodiu no última performance e a conversa depois dela. Eu pensei que esse era o começo de uma boa amizade com, pelo menos, 4 a 5 pessoas. Senti que havia conseguido uma brecha no vasto e difícil de ser engolido no Brasil, para me sentir em casa em que existam aqueles que respiram o mesmo ar que eu e que busquem semelhantes.

Mas esta ideia rapidamente se dissolveu como o pólen de sopro, que forma uma mandala pacientemente. Talvez porque a cultura aqui é tal emoções são desencadeadas rapidamente, alimentando um ao outro, para formar algum clímax intenso e ardente e depois se dispersam rapidamente. Ao término, parece que as pessoas viram as costas, é hora de procurar um novo, possivelmente em outros lugares. Nesse jeito, os espetáculos do teatro são feitos aqui. Não teatros de repertório – um espetáculo é jogado em média 3 meses antes de sair de cena. Alguns fenômenos sobrevivem vários anos.

Foto por Anderson Nascimento Pio
Anselmo está extremamente satisfeito por esta última Oficina Libre. Ele sentiu que a sua ideia de criar uma comunidade em que, como ele falou – governa o princípio do comunismo recebeu resposta que resultou em criativos esboços e apresentações. Talvez, em breve, não haverá nova Oficina Libre, porque a satisfação da experiência provocadora que durou 11 anos está presente no coração do Anselmo.

As primeiras semanas, após Oficina Libre, foi terrivelmente triste por causa do que percebi no final, mas lembrei-me das palavras de Anselmo que a maioria dos participantes a esquece, embora jurem depois de cada performance que suas vidas não têm aquele senso de empatia, amizade, partidariedade que existe na sala da Oficina. Depois de 28 anos em que ele estava orgulhoso como funcionário público da escola "Martins Pena," Anselmo especulou que talvez seja hora de acabar com a oficina, especialmente depois de um final mais do que feliz, de uma Oficina Libre bem sucedida.

Entre os participantes da oficina havia poetas, dramaturgos, dançarinos, cantora de hip-hop, ativista política do Peru. Uma das personalidades mais coloridas para mim foi Moacir Araujo, 71 anos, ator e poliglota fala oito idiomas. Ele era um dos poucos que estava escrevendo numa caderna pensamentos dos discursos de Anselno durante a Oficina. Ele afirmou que a vida inteira estava tentando ser um ator, e aqui, na Oficina, começou a aprender como parar de atuar e simplesmente ser seu personagem.

Foto por Anderson Nascimento Pio
Rodrigo Varanda em solo.

Rodrigo Varanda, dublador de filmes e desenhos animados e músico, descobriu a Oficina Libre em 2012. Dentro dela, achou “uma realidade ampla, profunda e transformadora. Tradições milenares, não raro, são esmiuçadas entre os presentes e vem dessa parte, o mais incrível: as conclusões (e também as novas dúvidas) dos oficineiros que passam a não caber somente no mundo das artes. Os questionamentos sobre moral, religião e valores sociais do ator performático, estimulam cada participante, turma após turma, a desenvolver o hábito de conquistar verdades legítimas ao invés de limitarem corpo e mente em convenções repetitivas e equivocadas, que parecem, muitas vezes, completamente verídicas. Para quem se permite, o produto final é um humano capaz de interpretação com entrega completa, desprendida de pudores vazios, capazes de empobrecer violentamente um espetáculo, por melhor que ele seja”.

Foto por Maria Arêas
Daisy Viana da Silveira em solo

Daisy Viana da Silveira, 22 anos, está orgulhosa, pois conseguiu superar um pouco a timidez quando decidiu fazer o solo proposto por Anselmo. "Eu gostei de todo o aprendizado, principalmente por Anselmo ter me ensinado a pesquisar sobre todos os assuntos. Também aprendi que devemos ser nossos próprios diretores, atores, escritores. E me abriu portas com certeza. A primeira delas foi a moça que chamou para fazer a figuração do filme “Praça Paris”.

Foto por Anselmo Vasconcellos
 Danny Greco

Atriz, cantora e dançarina Danny Greco "A Oficina Libre teve um papel muito importante na reconstrução do meu eu enquanto artista e fazedora de cultura. O espaço aberto por Anselmo Vasconcellos, me possibilitou a reinserção em linhas artísticas que estavam adormecidas em meu corpo, muitas janelas foram reabertas e reestruturadas. O contato com o outro e a troca livre durante as improvisações foram importantes na construção de outros diálogos, de improvisações, de outros campos de possibilidade na minha atuação artística. Durante o percurso filmei um curta com a Mariane Antabi, da Escola de Cinema Darcy Ribeiro, com mais dois colegas da Oficina. Foi uma experiência incrível, pois já tínhamos intimidade para o roteiro em questão.


Um agradecimento especial a Anselmo Vasconcellos e aos participantes da Oficina Libre Maria Áreas e Anderson Nascimento Piu e o fotógrafo Kenzo Katche Verborge por fornecer as fotos. Um agradecimento muito especial a Valquiria Stoianoff pela ajuda indispensável na tradução e pelo carinho. 



четвъртък, 20 октомври 2016 г.

Защо няма да гласувам

По официални данни от 2011 г. извън България живеят 2 036 092 българи. Тази година за президентските избори ще бъдат разкрити 307 секции за гласуване в 71 държави. А гласуването вече е задължително. 

От две години живея в Рио де Жанейро, българска гражданка съм, но не смятам да гласувам. Не защото в Бразилия няма изборна секция - подадох електронно заявление за гласуване в Сао Пауло както още 65 българи, живеещи тук и такава ще бъде отворена. 

Но аз няма да гласувам, защото смятам, че няма равни условия за гласуване пред всички българи в чужбина. Това не е нито демократично, нито етично за една наричаща себе си правова и демократична държава.

В България можеш да гласуваш, къдего и да се намираш, независимо от адресната си регистрация - в чужбина, по обясними причини, това не е възможно. Защо не е възможно обаче да се разреши електронно гласуване в технологичния 21 век, ето това е въпросът, на който тези, които с много акъл коват законите, не могат да ми дадат адекватен отговор. 

Всички защитници на задължителното гласуване вероятно не са се замисляли как биха постъпили, ако изборната секция, в която могат да гласуват, се намира на 6 часа път от тях с автобус. Ако за тях гласуването е на пет минути път от дома, или в съседния квартал, аз трябва да платя между 50 до 100 лв. за автобус до Сао Пауло само в едната посока. И не само аз. И не само в Бразилия. 

В Бразилия българското посолство отговаря и за страните Колумбия, Еквадор, Перу, Венецуела, Суринам и КР Гвиана. По обясними причини, на страницата на ЦИК не видях подадено заявление за гласуване от нито една от тях. Цената на самолетен билет не е по-голяма от обичта към родината, но здравият разум пред неадекватия изборен закон вероятно е надделял.

Аз смятам, че ъм изпълнила дълга си на българска гражданка с това, че спомогнах за откриването на изборна секция в бразилския град, в който има най-много наши съграждани - така поне те ще могат да упражнят правото си на глас. Независимо за чий кандидат ще пуснат бюлетина, дори да е за някого, когото аз не харесвам или не подкрепям. 

В завършек имам няколко въпроса, на които не очаквам отговори, но ако някой, който прочете тези редове, все пак се замисли, ще се радвам.

Колко ще струват на държавата, т.е. на д а н ъ к о п л а т ц и т е тези 307 секции в чужбина и наистина ли е по-целесъобразно да се открият те, вместо да се въведе електроннд гласуване?

Наистина ли е толкова сложно в 21 век да се въведе електронно гласуване в една страна членка на Европейския съюз?

Кой печели от това, че не всеки ще може да гласува, дори да иска?

А какво означава демокрация?

Ако не гласувам на нито едни избори, не означава ли, че "не подкрепям нито един от кандидатите" и нима наистина някой смята, че избори могат да се обезмислят с подобна опция в бюлетините?

Кой ще плати за анулирани избори?

Колко пъти през изминалите 26 години демокрация народът спечели на 
някои избори и колко пъти - политиците?


П.С. Волтер: "Не съм съгласен с вас, но бих умрял за правото ви да се изразите."

сряда, 14 септември 2016 г.

Лятото дойде

Лятото дойде, а зимата официално не си е отишла още. Сякаш има някакво значение. Тук дори есен не съществува, макар че си има дума и за този сезон. Вчера отворих вратата на дома и излизайки навън, ме погълна фурната, настроена на 37 градуса. Преди няколко дни бях оборудвана с леко вълнено пуловерче, но вчера ми се искаше да си смъкна кожата, ако е възможно да се поразхладя. Разбира се, всички автобуси, които трябва да вземеш през най-горещия ден, са без климатик, но за сметка това се движат крайно изнервено - шофьорите им ту позаспиват над волана, ту се стряскат и се хвърлят върху газта и спирачката настървено като пренебрегват изцяло съединителя. 

Вчера шофьорът се оказа млад, с дълга раста, падаща върху гърба му. Така се учудих като го видях, че си спомних първия път когато пред очите ми изникна елеганто облечен господин с раста до кръста, който очевидно беше офис служител. Вярно, че тук не съм виждала кой знае колко черни чиновници, освен ако не говорим за по-ниските етажи на йерархията, но пък да си черен, и елегантен и с раста, се изисква смелост. За друг такъв не се сещам да съм срещала на "сериозни" работни места, като изключим господин шофьора от вчера.

Насред силното слънце, от което усещането е, че се позапичаш равномерно от всички страни, защото топлината идва и от земята, и от небето, и от сградите наоколо, успях да доплувам до клиниката, в която трябва да си направя профилактичен преглед на гърдите. Климатизираният хлад ме поразбуди, тъкмо навреме, за да предоставя на служителката на рецепцията всичките си данни, които тя така и така има, понеже съм ги продиктувала още по телефона. Но диктуването на данните по няколко пъти на всички подобни места дава работа на много хора, така че, ако съм социално настроена, не бива да се оплаквам. Само забелязвам как за пореден път името ми е предизвикало изумление и в този картон фигурирам като Алора. 

Повикали са ме половин час по-рано, за да оформят всичките документи, но за сметка на това прегледът ми закъснява и междувременно аз пия хладка вода на корем и се чудя дали след горещия шоколад от 20 мл ще имам време и за кафе с мляко - всичко любезно предоставено от клиниката. Мога да гледам теленовелата, изливаща се от плоския екран, или пък да чета списания. Мога и да наблюдавам останалите пациентки, които като мен се чудят какво още да изпият.

После ме повикват вътре и ме инструктират къде да се съблека. Трябва да облека лек сив халат, който много добре подчертава цвета на очите ми, но за съжаление не мога да си го взема, понеже е за многократна употреба. Също така трябва да си заключа чантата и дрехите в ракличка в съблекалнята и да отнеса със себе си ключа в кабинета. Там най-после попадам на лекарка, която не се диви от името ми, а споделя, че и жената на чичо й се казва така, "което е много рядко срещано". 

Завива ме внимателно, да не би да види повече от тялото ми, отколкото прегледът предвижда и се съсредоточава върху гърдите ми. Не знам как е в държавната поликлиника в същия кабинет, на допълнителното здравно осигуряване, за което трябва да благодаря на Марсело, носи екстри. Спомням си, когато бях болна от зика, как в държавната поликлиника се изтърсих с франзела и две френски сирена в торбичка насред страдающи болни, кой с температура, кой - без, отпуснати в различни пози върху няколко редици столове. Тук е доста по-различно и спокойно.

Но, както и да е. Излизам малко след пет навън и въпреки, че слънцето клони към залез, жегата се е вкопчила в града. По улиците, на които има дървета, се усеща с някакви мънички частички от градуса по-хладно. Като никога се радвам на студа в метрото, като преди да вляза внимателно изчаквам боричкането за влизане първи във вагона да приключи с минимални жертви. Странно, че една двойка стоя през цялото време на платформата, тъкмо пред една от вратите на влака, без да помръдне, докато около нея хората се опитваха да влязат. На тази спирка минават две различни метра и те очевидно чакат другата линия, но също така очевидно обичат да бъдат блъскани, бутани и (с право) псувани, че не дават път. 

Свят голям - хора разни.   

Сега ще взема един душ, че вече съм се побразилчила и гледам поне два и половина на ден да ги докарвам, че тук е голям срам да понамирисваш. Което в тази жега не е трудно, но хората успяват да го избягват. От друга страна, да си горд, че се къпеш по три пъти на ден на 30 и плюс градуса не си е никакво геройство, а животоспасяваща необходимост, но ако се позамисля, ще открия подобни абсурди, с които българите се гордеят, без да има защо. Просто нещата са такива или онакива по тези или онези географски ширини.

А, да, сетих се - българките са най-красивите жени на света. Скъпи най-красиви българки, бягайте към Рио - тук жените хващат окото, но мъжете са направо трепач. Данчето може да потвърди. Блазе ни на всички, които плакнем очи ежедневно в меланжа от раси с хромозоми ХУ.